O CUIDADO DO TÉCNICO EM RADIOLOGIA AO REALIZAR EXAMES NO PACIENTE POLITRAUMATIZADO
SOBRE O ALUNO
Marisete Petry
Marcelo Rocha
ARTIGO
INTRODUÇÃO
O politrauma refere-se quando o paciente apresenta várias lesões no corpo sejam elas escoriações ou fraturas¹.
No Brasil 77.491 óbitos são de acidentes motociclisticos, registrado entre 2008 a 2014. Do total 3.943 óbitos aconteceram em Santa Catarina. A taxa média de mortalidade no Brasil corresponde a 5,6/100.000 habitantes, e em Santa Catarina 8,7/100.000 habitantes². Internações anuais por acidentes motociclisticos teve uma prevalência maior em pacientes do sexo masculino, com faixa etária de 20 a 49 anos³.
No atendimento a pacientes com múltiplos traumas o técnico em radiologia (TR) em suas condições de trabalho no ambiente hospitalar⁴ não deve descumprir o que esta no código de ética, e na portaria 453, que regem a profissão, nunca realizando exames que não estão prescritos pelo médico, a prescrição deve estar assinada contendo o carimbo, e número do Conselho Regional de Medicina (CRM), que condiz com o que está no código de ética do técnico em radiologia “Deve o técnico em radiologia reconhecer as possibilidades e limitações no desempenho de suas funções profissionais e só executar técnicas radiológicas, radioterápicas, radioisotópicas nucleares mediante o pedido do médico”⁵.
Conforme citado acima a realização de exames de imagem segue um criterioso protocolo para politrauma, sendo esse conhecido como Advanced Trauma Life Support (ATLS)⁶, onde é preconizada a realização dos seguintes exames; coluna cervical, incidência em AP e Perfil dando ênfase na incidência em Perfil, visualizando a coluna na sua totalidade e a transição C7 T1; exame de tórax em AP para diagnosticar lesões na caixa torácica seja ela fratura contusão ou pneumotórax; e a imagem pélvica realizada em AP serve para detectar fraturas ou luxações, devido a grande vascularização dessa área qualquer lesão pode levar a hemorragia⁷.
Mesmo com a rotina criteriosa do ATLS, o técnico em radiologia está respaldado pelo código de ética, onde se apresenta o paciente com risco de vida e o médico não prescreve o exame o TR tem a obrigação de informar sobre lesões radiográficas onde há necessidade de realizar exames complementares para melhor visualizar a lesão, onde poderá salvar a vida do próprio, caso não faça responderá civil e penalmente por negligencia e omissão, podendo perder o registro no Conselho Regional de Técnicos em Radiologia (CRTR)⁸.
O presente trabalho tem por objetivo verificar a estratégia técnica e de cuidado ético com o paciente politraumatizado. A metodologia utilizada será de abordagem qualitativa através de entrevistas semiestruturadas.
Palavra – chave: politraumatizado; cuidado; ética.
RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO
Na questão de segurança radiológica traz que 100% dos técnicos prezam pela segurança dos pacientes, da equipe, seja ela funcionários, acompanhantes, e da sua própria segurança. O que corresponde com o material de pesquisa. O principio fundamental da proteção radiológica é conhecido como As Low As reasonable Achievable – ALARA-, é estabelecido condições para a utilização da radiação ionizante, para que seja utilizada em beneficio da sociedade, preservando sempre a proteção dos trabalhadores, do paciente, do público, e do meio ambiente⁹.
Dos técnicos entrevistados 80% disseram que argumentam com o médico caso necessite acrescentar algum outro exame. Os 20% restantes colocaram suas respostas diferentes, téc. 12 “infelizmente onde eu trabalho não me permite esse acesso com o médico pra acrescentar mais algum tipo de incidência”; téc: 14”não, pois não é minha função, além de muitos médicos não aceitarem minha opinião”. Com base no Conselho de Ética de Radiologia, “deve o Técnico em Radiologia reconhecer as possibilidades e limitações no desempenho de suas funções profissionais e só executar técnicas radiológicas, radioterápicas, radioisotópicas, e nuclear, mediante o pedido do médico”¹⁰.
A maioria dos técnicos em radiologia, que corresponde a 53,3% fazem o exame sem a requisição, pois o politraumatizado corre risco de vida, mas o médico será comunicado e feito a prescrição desde que o TR apresente reais argumentos para tal. O restante dos técnicos 46,7% não fazem o exame. téc:7 “não, temos que ter o exame justificado e prescrito, porem temos sempre que informar o plantonista e se possível o radiologista que não viu a lesão”; téc:15 “não, porque não é atribuição do técnico em radiologia a prescrição do exame, se o médico não pediu o exame, eu não posso fazer a realização propriamente dita do exame, o que eu posso fazer é abrir um pouco mais a colimação pegando aquela diáfise pra mostrar onde tá a fratura em si”.
Na questão que se refere a indagação médica, tenho que Médico A: “você pode realizar exames complementares de raios-x, desde que comunique o médico para ele realizar a prescrição do exame”, e bibliográfica onde encontrei um ponto importante no
Código de Ética do Técnico em Radiologia. “O Técnico em Radiologia respondera civil e penalmente por atos profissionais danosos ao paciente a que tenha dado causa por imperícia, imprudência, negligencia ou omissão”.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o TR não pode fazer exames complementares sem a prescrição médica, mas nada o impede de argumentar com o médico desde que mostre verdadeiro conhecimento teórico e prático, de que o politraumatizado precise de mais uma incidência, pois o mesmo estará exposto a mais uma dose de radiação ionizante. O que acontece em muitos casos é a falta de comunicação entre técnico e médico, e o prejudicado é o paciente, esses dois profissionais devem trabalhar juntos, pois a vida do paciente corre risco e qualquer erro pode ser fatal. Ambas as partes devem se entender, conversar, argumentar e se for o caso analisar juntos as imagens e chegando a um bem comum consequentemente o paciente terá um prognóstico favorável. Outro fator muito importante é em relação à proteção radiológica desse paciente, utilizando técnicas adequadas e tendo consciência que a colimação não se tem necessidade em ter um campo muito extenso, pois existe a radiação secundária, o que traz malefícios. O profissional deve utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), quando se faz necessário. Em relação à equipe de enfermagem o técnico deve sempre perguntar se esse profissional está disposto na contenção do paciente, nunca se deve obrigar alguém a entrar na sala, quando o profissional aceita ajudar ofertamos todos os EPIS para sua proteção.
O TR deve ter muito cuidado no manejo do paciente, sempre movimentando o mínimo possível, e a repetição de exames nesse politraumatizado deve ser nula, onde teremos agilidade e podendo conduzir o paciente para o próximo atendimento.
REFERÊNCIAS
- TURELLA, D. ; BONIATTI M.M. A Circunferência em Paciente Critico Politraumatizado como Preditora de Capacidade Funcional na Alta Hospitalar. Universidade LaSalle. 2017.
- BOTELHO, J.L. ; GONZAGA N.H. Mortalidade por Acidentes Motociclisticos; Estudo Comparativo entre Santa Catarina e Brasil.
- FILHO, G.G. Tendência Temporal dos Acidentes de Trânsito com Motocicletas e Fatores Associados em Santa Catarina.
- ANDERSON JT et al. Riscos Ocupacionais dos Técnicos em Radiologia na Assistência ao Portador de Múltiplos Traumas. 2016.
- Código de Ética Profissional do Técnico em Radiologia. Capítulo VII Responsabilidade Profissional; Art. 17º.
- Advanced Trauma Life Support. ATLS. Oitava edição. 2008.
- Tratado de Posicionamento e Anatomia Associada. Oitava edição.
- Código de Ética Profissional do Técnico em Radiologia. Capítulo VII Responsabilidade profissional; Art. 18º.
- SEARES, C.M. ; FERREIRA, A.C. A Importância do
- Conhecimento sobre Radioproteção pelos Profissionais da Radiologia.
- Código de Ética Profissional do Técnico em Radiologia. Capitulo VII. Responsabilidade Profissional. Art. 17º.
- Código de Ética Profissional do Técnico em Radiologia. Capitulo VII. Responsabilidade Profissional. Art. 18º.